Medicamentos
Química na Farmácia: origem dos Medicamentos
Com o desenvolvimento da química, foram notados avanços nas diversas áreas de obtenção desses “princípios ativos” ou fármacos, valendo ressaltar as pesquisas em Química de Produtos Naturais (extraindo muitas substâncias e enviando-as para testes biológicos e farmacológicos) e em Síntese Química (produzindo, muitas vezes, aquilo que a natureza não produz!).
A introdução de um medicamento novo, no mercado, é um processo trabalhoso, caro e sofisticado. Após a síntese química ou isolamento do fármaco, este deve ser caracterizado (determinação estrutural: espectroscopia de infravermelho, ressonância magnética nuclear, espectrometria de massas; propriedades físicas: ponto de fusão, rotação específica, solubilidade; propriedades químicas: possíveis reações com outras substâncias, que venham a interagir, caso sejam utilizadas em uma terapia multimedicamentosa; outros).
Depois da fase de caracterização, vem a fase dos testes de atividade biológica (que, também, podem envolver a farmacologia), tais como: ação sobre um agente patológico ou sobre um sistema biológico, entre outros. Também, são realizados testes toxicológicos, que garantem a segurança do produto. Posteriormente, são realizados testes clínicos “voluntários”, onde os pacientes são rigorosamente acompanhados, sendo necessários, por tanto, estudos de Farmacologia Clínica, Análises Clínicas e Patologia.
Com a aprovação do medicamento (incluindo a do fármaco), são desenvolvidos estudos sobre técnicas de fabricação e de controle de qualidade, que garantam a produção contínua e segura do produto. Mais uma vez, nota-se a influência da química, tratando do desenvolvimento de técnicas para análise e controle da qualidade (métodos instrumentais de análise químicas, por exemplo). Por fim, após dispensação do medicamento, nas farmácias, o farmacêutico faz o acompanhamento, ou melhor, o seguimento farmacoterapêutico, atentando para estudos de farmacovigilância. É, nesta etapa, onde se encontra o “berço” da Atenção Farmacêutica.
Um medicamento pode ser destinado a fins profiláticos, curativos ou de diagnóstico. A substância química é acompanhada de “excipientes” que compõem a formulação. Se a substância (ou fármaco) foi isolada de uma planta, o medicamento é um fitomedicamento. No caso de não haver a fase de isolamento de constituintes vegetais, mas partes do vegetal, o produto é um medicamento fitoterápico. Os demais medicamentos alopáticos são obtidos de síntese química (que envolvem diversas reações, principalmente, orgânicas) e de outras fontes naturais.
No organismo, os medicamentos passam pela fase farmacêutica, caracterizada pela “dissolução” e liberação do fármaco, pela fase farmacocinética, que envolve a absorção, distribuição, biotransformação e excreção, e pela fase farmacodinâmica, na qual a substância interage com seu receptor, desenvolvendo o mecanismo de ação farmacológica. A química apresenta importância, principalmente, na biotransformação dos fármacos, onde ocorrem reações de oxidação, redução e hidrólise, além de conjugação com grupos polares, que “facilitam” a excreção.
A legislação sanitária brasileira tem direcionado muitas normas e leis para os “fármacos” e não somente para os medicamentos que os contém. Nomes químicos e até termos que indicam uma estrutura química têm sido utilizados, como, por exemplo, na Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998, a qual aprovou o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial (esta apresenta, inclusive, alusão aos “isômeros” de substâncias). O fato ganhou grande dimensão com a Lei nº 9.787/99, a qual estabeleceu a criação do medicamento genérico e a utilização de nomes genéricos (que possuem relação com os nomes químicos) em produtos farmacêuticos.
Um estudo detalhado sobre a participação da Química na Farmácia é longo e envolve vários temas, desde a história das civilizações até o avanço das pesquisas científicas. Com as informações aqui apresentadas, temos um “guia” que direciona para os principais pontos relacionados com um estudo tão rico e complexo.