Criar um Site Grátis Fantástico

Medicamentos

Medicamentos

Química na Farmácia: origem dos Medicamentos

  Entre tantas substâncias químicas conhecidas, aquelas que  apresentam atividade farmacológica recebem o nome de farmoquímicos. Muitos  destes são obtidos através de métodos de isolamento e purificação de amostras  originadas dos Reinos Animal (ex.: heparina) e Vegetal (ex.: digoxina). É, nas famosas“plantas medicinais”, onde são encontradas muitas destas substâncias importantes  na Farmácia e na Medicina. Mas, há outras fontes a serem consideradas: fonte  mineral (ex.: sais, como o “cloreto de sódio”), fonte biotecnológica (ex.:  penicilinas) e a tradicional fonte sintética (ex.: salicilato de  metila).
Os medicamentos são produtos tecnicamente elaborados  que contêm, em sua composição, tais substâncias “especiais”, as quais são responsáveis pelo efeito desejado, sendo,  portanto, conhecidas como o “princípio ativo” destes.
Com o  desenvolvimento da química, foram notados avanços nas diversas áreas de obtenção  desses “princípios ativos” ou fármacos, valendo ressaltar as pesquisas em  Química de Produtos Naturais (extraindo muitas substâncias e enviando-as para  testes biológicos e farmacológicos) e em Síntese Química (produzindo, muitas  vezes, aquilo que a natureza não produz!).
Historicamente, povos  antigos já desenvolviam interesse no estudo da  relação: doença-substância-cura. No século VII a.C., assírios utilizavam plantas  que, atualmente, são fontes de fármacos modernos (ópio, camomila, extrato de  rosas). Papiros do Egito divulgavam indicações clínicas de, aproximadamente, 700  espécies de plantas, entre elas, o rícino (com substâncias de efeito laxativo).  Povos orientais se aperfeiçoaram na extração de substâncias da classe “alcalóide”, como a quinina (eficiente no tratamento da  malária).
     No século XIX, médicos, farmacêuticos (inclusive  bioquímicos) e químicos começaram a desenvolver técnicas voltadas para o estudo  das substâncias responsáveis pelas atividades farmacológicas, ou seja, os  fármacos. Então a farmacologia passou a trabalhar em “conjunto” com a química  (que tratava do isolamento/obtenção e análise química das substâncias). Os  resultados foram positivos e os esforços se concentraram, principalmente, nas  doenças carenciais, infecciosas e degenerativas. Como exemplo, temos os estudos  sobre a diabete (Diabete mellitus), os quais levaram à descoberta da insulina  (hormônio necessário no metabolismo lipídico e glicídico).
A  introdução de um medicamento novo, no mercado, é um processo trabalhoso, caro e  sofisticado. Após a síntese química ou isolamento do fármaco, este deve ser  caracterizado (determinação estrutural: espectroscopia de infravermelho,  ressonância magnética nuclear, espectrometria de massas; propriedades físicas:  ponto de fusão, rotação específica, solubilidade; propriedades químicas:  possíveis reações com outras substâncias, que venham a interagir, caso sejam  utilizadas em uma terapia multimedicamentosa; outros).
     Depois da fase de  caracterização, vem a fase dos testes de atividade biológica (que, também, podem  envolver a farmacologia), tais como: ação sobre um agente patológico ou sobre um  sistema biológico, entre outros. Também, são realizados testes toxicológicos,  que garantem a segurança do produto. Posteriormente, são realizados testes  clínicos “voluntários”, onde os pacientes são rigorosamente acompanhados, sendo  necessários, por tanto, estudos de Farmacologia Clínica, Análises Clínicas e  Patologia.
      Com a aprovação do medicamento (incluindo a do fármaco), são  desenvolvidos estudos sobre técnicas de fabricação e de controle de qualidade,  que garantam a produção contínua e segura do produto. Mais uma vez, nota-se a  influência da química, tratando do desenvolvimento de técnicas para análise e  controle da qualidade (métodos instrumentais de análise químicas, por  exemplo). Por fim, após dispensação do medicamento, nas farmácias, o  farmacêutico faz o acompanhamento, ou melhor, o seguimento farmacoterapêutico,  atentando para estudos de farmacovigilância. É, nesta etapa, onde se encontra o “berço” da Atenção Farmacêutica.
     Um medicamento pode ser destinado a fins  profiláticos, curativos ou de diagnóstico. A substância química é acompanhada de “excipientes” que compõem a formulação. Se a substância (ou fármaco) foi isolada  de uma planta, o medicamento é um fitomedicamento. No caso de não haver a fase  de isolamento de constituintes vegetais, mas partes do vegetal, o produto é um  medicamento fitoterápico. Os demais medicamentos alopáticos são obtidos de  síntese química (que envolvem diversas reações, principalmente, orgânicas) e de  outras fontes naturais.
    No organismo, os medicamentos passam pela fase  farmacêutica, caracterizada pela “dissolução” e liberação do fármaco, pela fase  farmacocinética, que envolve a absorção, distribuição, biotransformação e  excreção, e pela fase farmacodinâmica, na qual a substância interage com seu  receptor, desenvolvendo o mecanismo de ação farmacológica. A química apresenta  importância, principalmente, na biotransformação dos fármacos, onde ocorrem  reações de oxidação, redução e hidrólise, além de conjugação com grupos polares,  que “facilitam” a excreção.
    A legislação sanitária brasileira tem direcionado  muitas normas e leis para os “fármacos” e não somente para os medicamentos que  os contém. Nomes químicos e até termos que indicam uma estrutura química têm  sido utilizados, como, por exemplo, na Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998,  a qual aprovou o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a  controle especial (esta apresenta, inclusive, alusão aos “isômeros” de  substâncias). O fato ganhou grande dimensão com a Lei nº 9.787/99, a qual  estabeleceu a criação do medicamento genérico e a utilização de nomes genéricos  (que possuem relação com os nomes químicos) em produtos farmacêuticos.
    Um  estudo detalhado sobre a participação da Química na Farmácia é longo e envolve  vários temas, desde a história das civilizações até o avanço das pesquisas  científicas. Com as informações aqui apresentadas, temos um “guia” que direciona  para os principais pontos relacionados com um estudo tão rico e  complexo.